Avicultura
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal, no estado do Paraná existem cerca de 19 mil aviários de frango e peru. Além da carne, alguns outros subprodutos são adquiridos através da criação dessas aves, usufruindo de tecnologia ambiental na avicultura. Por exemplo, a cama de aviário, feita de serragem ou maravalha, utilizada no chão dos criadouros para absorver dejetos das aves, facilitando a limpeza do local.
Foi ai que surgiu a pesquisa realizada pela Mestra e Engenheira Ambiental Ana Cé: “Até então não haviam pesquisas nacionais, focadas nas análises bioquímicas da cama de aviário de peru. Assim, encontramos um novo campo de atuação: a produção energética sustentável da cama de peru.”
Tecnologia Ambiental Aplicada na Avicultura
“A produção energética ocorre com o isolamento da matéria orgânica em uma câmara sem oxigênio, assim, os microorganismos como bactérias e arqueas se alimentariam do apodrecimento do material e, como resultado, seria liberada uma série de gases biológicos. Assim, os gases passariam por um processo de purificação até restar gás metano, pronto para ser utilizado como energia limpa.”, destaca Ana Cé.
O diferencial dessa pesquisa não foi somente a produção de energia limpa, mas sim a descoberta da existência de diferenças entre as camas de frangos e de perus.
Ana descreve as vantagens em números. “Com a produção de carne de peru (305 – 442 mil ton) nos anos de 2010 a 2017, poderiam ser produzidos de 7,5 a 31 milhões de metros cúbicos de metano com os resíduos decorrentes do sistema produtivo de perus confinados. Já com a produção de carne de frango (12 – 13 milhões ton) nos anos de 2010 a 2017, poderiam ser produzidos de 96 a 103 milhões metros cúbicos de metano com os resíduos decorrentes do sistema produtivo de frango confinado”.
“Se formos avaliar um aviário padrão de ambas as aves, o volume produzido de metano para o sistema produtivo de perus foi maior (VCH4N = 34,3; 12,3; e 21,4 m3/dia para 50; 120 e maior que 400 dias, respectivamente) que o volume de metano produzido para frangos de corte (VCH4N = 7 m3/dia para 504 dias de alojamento), podendo ser explicado pela baixa concentração de metano (40%) da cama de frango.”, comenta Ana.
Esta matéria é uma reprodução reduzida do texto “Toda Energia Vale a Pena” realizada pelo jornalista Pedro Henrique do Padro. A versão completa encontra-se publicada na revista Verbo, novembro de 2019.
Este artigo foi escrito pelas engenheiras ambientais Bruna Saara e Ana Cé para a Redação Portal O Vento: seu novo canal de informação.